quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Vaso de flores vermelhas

Diante de si, à porta de casa, um vaso de flores vermelhas. Os olhos desconfiados observam pétala por petála. Os dedos não resistem, é preciso tocá-las, pois esta é sua maneira de ser & estar no mundo sensível. Talvez bastasse somente contemplá-las, talvez aos olhos não incomodasse a distância entre a retina e o vaso de flores vermelhas - desde que ainda se mantivesse visível – mas, os olhos estão submetidos a um corpo e neste corpo há também desejos de olfato, de tato e, sobretudo, paladar.

À medida que o sol se recolhe, um milagre brota dali como se minasse água em forma de perfume. O olfato, outrora doente, ergue as narinas reconhecendo vida. A boca enche-se de saliva, a língua desliza pelos lábios, mas os dentes contém o desejo: é preciso verificar se em tanta beleza não há veneno.

O sangue corre, corre, corre... a pele treme, o ventre contrai-se e os sentidos estão imibilizados talvez porque foram educados somente para obedecer. Mas a quem?
Desperta o coração, que instintivamente coordena os movimentos vitais: recolher o vaso e regá-lo. Diz aos olhos escolha a janela mais bonita, à pele mensure o vento e a luz do sol, aos ouvido música, ao tato delicadeza e ao paladar uma ordem: arrisque!  

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