quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Chove chuva!

 
 
Amanheceu chovendo, chovendo muito! É um típico dia em que o capixaba anda de barco pelas ruas da Grande Vitória, é um típico dia pra ficar em casa e não morrer afogado. Resolvi passar a noite em Vitória abrigada em casa de Hilda Hilst, uma amiga que sempre me oferece exílio quando não quero/não posso retornar pro meu lar.   Embora minha casita seja meu paraíso, não tenho ganas de ficar lá por esses dias e o motivo é...ai,ai,ai...conto em outro momento. É um assunto que já me desgastou bastante. De qualquer forma, não tinha o motivo pra voltar: não poderia nadar. Quando chove muito, dá a impressão de que estou fazendo mergulho, viro o rosto pra puxar ar e vem água por todos os lados.
 
Moro em um lugar muito especial, uma casa de madeira isolada com vista pro mar. Me recordo de quando a encontramos. Eu e Gabi estávamos destroçadas pela vida, todas as tretas, todas as decepções, humilhações e nós duas em frangalhos aos 20 & pouquinhos anos tentando recompor a vida...era um final de verão. Procurávamos um abrigo na praia quando avistamos aquele chalé com quintal enorme e o marzão ao fundo. Localizamos a casa da dona e, se chegássemos 1 minuto depois, outras pessoas o teriam alugado. E foi assim que saímos do fundo do poço, retomei minhas braçadas adormecidas, ensinei Gabi a nadar, fizemos uma horta, adotamos gatos e seguimos até agora, quando nossos destinos estão se afastando... Nisso tudo, a dúvida que se impõe neste momento é: deixo minha casinha e voo pra babilônia urbana ou permaneço?
 
Já se passaram quase dois anos, 10 kg a menos e um pouco mais de paz. Evidentemente que as angústias da vida continuam, mas com outra roupagem. Não há como fugir do sofrimento, a vida é angustiante, mas é possível amenizar. Então, quando acordo mal, faço de tudo pra colocar um sorriso no rosto...corro pro mar bem cedinho. Ainda sonolenta, alongo-me preguiçosamente e caio na água gelada! Ah! Como gosto de água friaaaaaaaa (tô falando sério)!! Nessas manhãs tristes,  tenho vontade de alcançar os navios lá no infinito e fugir, mas acabo encontrando forças no sal e volto pra terra. Esse lance de fugir é balela, carregamos o mundo dentro de nós...
 
Hoje é um dia especial, como todas as quartas-feiras! É dia de colocar a voz na pista e fazer programa! Ah! Como já esgotei essa piadinha infame...rs! Explico: tenho um programa de rádio juntamente com um grupo de amigos intitulado Los Conquistadores del Nada. Nosso lema é: "Conquista o nada e sê rei de coisa alguma".  A gente mistura música, poesia, esquizofrenia e muita pala no rádio! É como voltar a ser criança!
 
Bueno, essa coisa de viver perto do mar, nadar, dar aulas particulares (outra paixão), fazer rádio e performar na rua (aos poucos vocês conhecerão um pouco das minhas palas) é o que chamo de viver poeticamente ou ligar o botão do vão se fuderem. Claro que há um preço a pagar por isso, como acontece com qualquer escolha que fizermos. Minha preocupação fundamental é ser feliz todos os dias fazendo o que gosto e cuidar da minha saúde para que eu siga com vitalidade e trabalhando sempre, sem temer o fato de ter ou não uma previdência social (a maior preocupação do meu pai que sempre diz "minha filha, você precisa pagar sua previdência").
 
Ok, já escrevi demais por hoje e vou terminar este texto do Nada.
Até amanhã.

Nenhum comentário: